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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Em casa de leitor


Galeno Amorim - 18/11/2009
Maria Luiza tem uma vida típica da mulher brasileira de classe média. Tem duas filhas, cuida da casa e trabalha fora. Quando sobra um tempo, está sempre à cata de alguma programação cultural – e tem achado coisas boas, que custam nada ou quase nada. Mas que poucos conseguem desfrutar. Por puro desconhecimento. Em outras horas, ela está rodeada de livros. Como a maioria dos brasileiros, dá um duro danado pra sobreviver. Roda boas dezenas de quilômetros por dia para ir ao trabalho. Lá, atende principalmente crianças de classe média que não vão bem na escola. Por que? — Principalmente porque não têm o hábito de ler... – ela responde, de pronto. Ela sabe como os livros podem mudar a vida das pessoas. Seja o que elas forem fazer na vida. Por isso, tratou de cultivar nas suas meninas o valor da leitura – uma acabou indo estudar filosofia numa universidade federal e a outra está a caminho da faculdade. Nas horas de folga, Maria Luiza às vezes vira leitora voluntária. Vai ler histórias para idosos ou crianças em hospitais. É ela quem diz: — Filhos miram-se nos exemplos dos pais. Se os pais não dão bola para os livros... Metade dos 95 milhões de brasileiros que leram pelo menos um livro nos últimos meses tomou gosto pela coisa por influência da mãe. Muito mais do que da professora. E um entre cada três leitores atuais foi tocado pelo pai. O que mostra uma coisa. Há papéis e trabalho pra todo mundo nessa história se queremos mesmo ter uma cidade e um país de gente que lê: para governos, escolas, escritores, editores, livreiros e... pai e mãe. PS: Por pura bobeira, dia desses a coluna deu uma escorregadela. Trocou décadas por séculos. O resultado final foi uma esquisitice só, logo notada por leitores atentos: saiu que a personagem em questão passara oito séculos da sua vida dedicando-se ao trabalho. O certo é que foram oito décadas. O que, a bem da verdade, também não é pouco para uma vida só...
(Reprodução autorizada mediante citação da 'Brasil que Lê - Agência de Notícias')

Keith Richards sonha ser bibliotecário


EFE - 04/04/2010
O guitarrista Keith Richards, do Rolling Stones, tem o sonho secreto de ser bibliotecário, diz o próprio em uma autobiografia que está perto de ser publicada. Segundo a edição deste domingo (4) do jornal inglês "The Sunday Times", o músico confessa no livro que, apesar de sua imagem de roqueiro, há anos cultiva uma paixão pelos livros e inclusive recebeu formação profissional para organizar os guardados em suas casas na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Em sua biografia, pela qual teria recebido US$ 7,3 milhões por antecipação, Richards explica que tentou aplicar um sistema que utilizam os bibliotecários para ordenar seus livros, entre eles muitos sobre a história do rock e a Segunda Guerra Mundial.
Além disso, Richards atuou como uma "biblioteca pública" ao emprestar exemplares de autores britânicos como Bernard Cornwell e Len Deighton para seus amigos, diz o jornal. Segundo o "The Sunday Times", durante sua juventude na austera Inglaterra do pós-guerra, o roqueiro se refugiava na leitura antes de encontrar o blues. Para Richards, "quando você cresce, há duas instituições que o afetam especialmente: a Igreja, que pertence a Deus, e a biblioteca, que pertence a você. A biblioteca pública é enormemente igualitária".

Biblioteca em casa deixa crianças mais inteligentes


Luciana Christante - Revista Mente Cérebro - 07/07/2010
Um grupo de sociólogos das universidades de Nevada em Las Vegas e da Califórnia em Los Angeles realizou o maior estudo internacional sobre a influência dos livros na educação escolar. Os resultados mostram que, independentemente do nível educacional dos pais, do status socioeconômico e do regime político, quanto mais livros houver em uma casa, mais anos de escolaridade atingirá a criança que crescer nela. Participaram do estudo mais de 70 mil pessoas de 27 países, entre os quais Estados Unidos, China, Rússia, França, Portugal, Chile, África do Sul (o Brasil não foi incluído). A conclusão foi publicada na revista Research in Social Stratification and Mobility.
No artigo, os autores explicam que o nível cultural e educacional dos pais também influencia a escolaridade atingida pela prole, mas nesse caso a correlação é mais fraca do que com o tamanho físico do acervo familiar de livros. Os resultados mostram também como o gosto pela leitura tende a diminuir diferenças sociais. Nos lares mais modestos, o efeito de cada acréscimo ao acervo no futuro acadêmico da criança é mais acentuado do que a adição de um volume a uma biblioteca mais ampla. Apesar de a tendência ter sido observada em todos os países, houve diferenças importantes entre eles.
Nos Estados Unidos, na França e na Alemanha, uma biblioteca com cerca de 500 volumes representou acréscimo de dois a três anos na escolaridade das crianças, comparando com uma casa sem livros. Na Espanha e na Noruega, o número saltou para até cinco anos e na China atingiu o máximo, entre seis e sete anos.
Segundo os pesquisadores, o regime comunista poderia explicar o resultado chinês, pois em um país onde há mais restrições à liberdade individual os livros seriam bens culturais ainda mais valorizados pela família. O mesmo raciocínio poderia se aplicar aos números semelhantes verificados em países do Leste Europeu (que formavam o bloco comunista) e a África do Sul, que viveu décadas sob o apartheid.
Os casos analisados foram de pessoas que cresceram em meio a esses regimes. “A leitura é uma ótima fonte para os oprimidos, seja qual for sua cor, seus opressores e as circunstâncias históricas”, escreveram.
O estudo é uma prova irrefutável de que “uma casa onde os livros são valorizados fornece à criança ferramentas que são diretamente úteis no aprendizado escolar, como vocabulário, imaginação, amplo horizonte em história e geografia, a compreensão da importância da evidência no argumento, e muitas outras”. E confirma os famosos versos de Castro Alves, do século 19: “Oh! Bendito o que semeia/ Livros...livros a mão-cheia.../ E manda o povo pensar!/ O livro caindo n’alma/ É germe – que faz a palma./ É chuva - que faz o mar.”

Um coração cheio de livros Revista Vogue - 10/07/2010


Em recente ensaio para a revista Vogue, a atriz norte-americana Gwyneth Paltrow, vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 1998, por Shakespeare Apaixonado, foi clicada em vários ambientes do seu apartamento em Nova York. Nessa imagem, não por acaso, ela aparece cercada de livros, que poderiam caber no notebook que está em seu colo. Mas não é o leitor eletrônico que ela certamente carrega no coração. Os livros é que moram dentro dessa leitora e de cada leitor. E Gwyneth tem uma bonita história com a leitura. Ela conta, como mostramos na seção O Livro da Sua Vida, que a obra marcante para ela é Jane Eyre, de Charlotte Brontë. E por um detalhe especial: era sua mãe, a também atriz Blythe Danner, quem sempre lia a história para ela.
(Reprodução autorizada mediante citação da 'Brasil que Lê - Agência de Notícias')

O que falta para que o Brasil seja realmente um país de leitores?



Falta muito. Falta garantir a todos os brasileiros o acesso ao livro e às bibliotecas. Falta desvincular a leitura do rol de obrigações escolares, falta acreditar no poder do imaginário e da fantasia para transformar realidades. Falta o incentivo para que ler seja, acima de tudo, o que realmente é: um grande prazer! Falta, principalmente, fazer com o que a leitura esteja em toda a parte e que seja incluída no repertório de atividades das quais as pessoas não queiram abrir mão ou deixar em segundo plano.
Na luta para que o Brasil se torne um país literário, estão unidos escritores, ilustradores, editores, livreiros, entidades das mais diversas áreas de atuação, anônimos... Várias ações se desenham e ganham força, na tentativa de ver a vontade de tantos se concretizar em ações. A semente plantada pelo Manifesto por um Brasil Literário, escrito e tornado público pelo escritor Bartolomeu Campos de Queirós começa a dar frutos. Uma grande campanha está sendo articulada com apoio e recursos institucionais e não são poucas as pessoas dispostas a dar vez e voz aos anseios de tornar o Brasil um país no qual se valorize com todas as letras a leitura literária, aquela que segundo Bartolomeu, "promove em nós um desejo delicado de ver democratizada a razão. Passamos a escutar e compreender que o singular de cada um - homens e mulheres - é que determina sua forma de relação. Todo sujeito guarda ,bem dentro de si, um outro mundo possível. Pela leitura literária esse anseio ganha corpo... E tudo, a literatura realiza, de maneira instransferível, e segundo a experiência pessoal de cada leitor. Isto se faz claro quando diante de um texto nos confidenciamos: 'ele falou antes de mim' ou 'ele adivinhou o que eu queria dizer'."Ainda temos um longo caminho a percorrer para que esse "tudo" que a literatura é capaz de realizar esteja ao alcance de todo cidadão brasileiro. E, com certeza, o caminho se tornaria bem mais curto com a ajuda do chamado quarto poder! Os meios de comunicação de massa são armas poderosas e especialmente a TV com sua enorme audiência poderia fazer muito pela literatura. Incluir o livro e a leitura em sua programação seja ela ficcional ou real, já seria um grande começo. Por enquanto são raríssimas, quando não ausentes, as cenas nos programas e nas novelas em que o livro aparece! Na ficção, sobram tentativas de imitar a realidade: personagens vivem dramas e cotidianos bem parecidos com o de muitos na vida real. E nunca ( ou quase nunca) lêem, frequentam bibliotecas, clubes de leitura, falam de livros, têm o rumo de suas vidas mudadas a partir do encontro com a literatura. Nunca presenteiam outras pessoas com livros. Na ficção das novelas e mesmo nos programas da Tv aberta, a literatura é praticamente ignorada. Crianças, jovens e adultos aparecem diante das câmeras nas mais diversas situações, influenciam comportamentos e hábitos ( não é à toa que o merchandising de produtos é cada vez mais presente na telinha) e infelizmente não incluem o mundo do livro e da literatura. Isso precisa mudar! É um pequeno passo que pode encurtar distâncias e fazer toda a diferença!
Alessandra Pontes Roscoe
Jornalista e escritora, Brasília - DF, Brasil